Era janeiro de 1973, entre os dias 7 e 8, a Ditadura Militar no Brasil, através de seus órgãos de repressão, cometem um massacre, ou chacina, numa localidade na zona rural de Paulista/PE.
O episódio criminoso ficou conhecido como O Massacre da Chácara São Bento.
Na localidade foram assassinados(as) covardemente, seis militantes revolucionários, integrantes da VPR - Vanguarda Popular Revolucionária, um dos grupos de esquerda que pegaram em armas contra a Ditadura Militar, instalada com o Golpe de 1964.
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Eudaldo Gomes, Pauline Reichtsul, Soledad Barret, José Manoel, Jarbas Marques e Evaldo Luiz |
As vítimas do massacre da granja São Bento foram Soledad Barret, Jarbas Marques, Eudaldo Gomes da Silva, Evaldo Luiz Ferreira de Souza, Pauline Reichtsul e José Manoel da Silva.
Um pouco da história
Os seis militantes, entre outros, estavam integrados num projeto de montar uma base da VPR em Pernambuco e por quase um ano vinham articulando maneiras de reiniciar a luta armada urbana contra o regime militar.
A pessoa que estava à frente da organização em Pernambuco, era José Anselmo dos Santos, ex-marinheiro brasileiro conhecido como cabo Anselmo. Ele foi um dos principais agentes duplos da ditadura militar e delatou ao menos 200 militantes. Sendo que cerca de cem perderam suas vidas. Seis delas durante uma chacina no então município de Paulista, em Pernambuco, o chamado Massacre da Granja (ou Chácara) São Bento.
O cabo Anselmo articulou uma falsa reestruturação do grupo revolucionário em Pernambuco e os entregou para serem aniquilados por policiais e militares. Entre os assassinados estava a mulher com quem Anselmo viveu maritalmente em Recife, a militante paraguaia Soledad Barret Viedma, que inclusive estava grávida.
"Em 1971, a luta armada de esquerda estava desmobilizada. Anselmo concordou em ser usado pelo regime para dar esse tiro de misericórdia. Era para passar um sinal para os outros grupos de que a luta armada não valeria a pena", segundo afirma Luiz Felipe Campos autor de um dos livros que trata do episódio. Um dos “comandantes” de Anselmo nessa trama foi o famoso delegado torturador Sergio Paranhos Fleury, um obstinado perseguidor de rebeldes que atuou no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo.
Entre os dias 7 e 8 de janeiro de 1973, os seis foram presos. Seus corpos foram encontrados crivados de balas nas proximidades da chácara São Bento, no dia 9. Dos 32 projéteis encontrados nos corpos, 14 estavam alojados nas cabeças das vítimas. Diversas armas foram espalhadas ao redor dos cadáveres. A polícia, na ocasião, disse que desbaratou um congresso de militantes da VPR. Trocou tiros com eles. Matou todos. E nenhum policial saiu ferido, nem de raspão.
Uma das razões para a chacina ter ocorrido foi que o jogo duplo de Anselmo começou a ser desvendado. Na antevéspera do massacre, Soledad, a mulher dele, recebeu uma carta em que o comando da VPR que estava exilado no Chile alertava sobre a possibilidade da traição de Anselmo. Ingenuamente, ela mostrou a carta para o ex-militar. Foi sua sentença de morte e dos outros cinco companheiros dela. Assim que o sexteto foi preso, Anselmo deixou Recife da mesma forma que chegou, clandestinamente.
A imprensa, à serviço da Ditadura Militar, publica o episódio de acordo com a versão montada pelos órgãos de repressão.
Um Perfil de cada Revolucionário(a)
A partir dos documentos revelados e das ações das instituições empenhadas em desvendar os crimes da Ditadura Militar
Clique nas imagens para acessar as informações.
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Pauline Reichstul |
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José Manoel |
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Jarbas Marques |
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Evaldo Luiz |
Imagens Fortes
Fotos dos arquivos da repressão à época, reveladas posteriormente, graças aos esforços dos movimentos (entre eles o Movimento Tortura Nunca Mais) responsáveis por identificar os fatos históricos e revelar as vítimas da repressão, mostram claramente que as vítimas (os militantes revolucionários) foram torturados(as) e executados(as) covardemente.
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Foto do local do Massacre, a Granja São Bento |
As fotos a seguir, mostram os corpos com marcas de torturas e sevícias, mortos anteriormente ao anúncio para a imprensa.
A montagem das cenas é flagrante, na posição dos corpos e nas marcas de balas na cabeça.
Fontes pesquisadas:
1 - https://www.fundacaoastrojildo.org.br/8185/
2 - https://memoriasdaditadura.org.br/
3 - https://documentosrevelados.com.br/?s=%22s%C3%A3o+bento%22
4 - https://revistacontinente.com.br/secoes/lancamento/o-massacre-da-granja-sao-bento
5 - https://anistiapolitica.org.br/abap3/2017/08/31/o-massacre-da-granja-de-sao-bento-aborda-morte-de-guerrilheiros-na-ditadura/